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sábado, 23 de maio de 2009

Na verdade era quase impossível entendê-la, pois talvez nem ela soubesse explicar o que sentia. Seus sentimentos eram tão difíceis de serem explicados e ainda que a pudessem ouvir não a entenderiam. Sentia-se mal por ser do jeito que era, porém não sabia como obter a mudança que tanto queria. Estranhava- se sempre que se via, pois se vendo pensava no quanto queria mudar e chorava porque mudando deixaria de ser o que era por dentro e isso ela não queria, talvez porque seu conteúdo mesmo sendo fraco tinha certa importância mesmo que esta importância só se manifestasse para ela.
Estava sempre cercada de pessoas e sempre se sentia sozinha. Sentia tristeza por isso. E culpa também. Queria muito que houvesse ao menos uma pessoa capaz de entendê-la e como talvez não existisse, sentia que tudo era por sua culpa e achava que se era assim nunca ia deixar de ser. Chorava mais quando pensava no futuro e por isso aos poucos fora deixando de pensar. Achava que futuro era coisa pra poucos e que ela sendo pouco jamais alcançaria um pra si. Ela era fraca, simples e jamais, mesmo que quisesse, conseguiria se unir a alguém de forma que esse alguém a entendesse e a completasse. Ela era só. Havia se conformado com isso, sabia que era inferior- Isso alguém a disse, um dia- e como se conformava com tudo também a isso se conformara. Às vezes tinha a impressão de que toda a tristeza que sentia era passageira, porém passageira era essa impressão e não demorava muito pra ela descobrir isso. Mesmo sabendo que raramente podia confiar nas pessoas, ainda cometia esse erro e depois chorava mais ao descobrir que estas não lhe eram dignas de confiança. Sua vida talvez não valesse muito à pena, mas isso digo eu que nada sei da vida. Pra ela, mesmo vivendo todo dia a mesma coisa, achava que aquilo a que se disponha todo dia, durante 24h era interessante. E talvez realmente sua vida tivesse algum valor. Ao ver sua imagem refletida sentia tanta angústia que aos poucos também fora deixando de se olhar.
 Ninguém nunca a chamara de “bonita” e a frase “eu te amo” só ouvira na televisão. Na verdade eu acho que ela mesma não tinha vontade de existir, mas já que existia tinha que viver. Era como se alguém a obrigasse e a lembrasse todos os dias, que ela tinha de viver. Se queria ou não, tanto faz. Ela já havia pensado muito em ir embora porém como costumava pensar muito antes de falar alguma coisa decidiu pensar antes e pensando lembrou- se de alguém que um dia a disse que quando se morre vai- se pra um lugar frio e triste, então ela com mais medo da morte que vontade de viver desistiu de desistir da vida.