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domingo, 21 de novembro de 2010

dúvida

De onde vem esses pensamentos tão pessimistas?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Carta à M.

Oi M., hoje eu resolvi te escrever depois de tanto tempo, tanta saudade. Eu sei que você vai pegar o envelope e pensar que alguma coisa aconteceu comigo, mas na verdade eu só estou te escrevendo por que adiar o prazer de me comunicar contigo é autoflagelação, e você sabe que eu jamais me faria sofrer tanto, apesar de tudo. Morro de saudade das nossas conversas, você tinha o timbre de voz mais doce que eu já ouvi na minha vida inteira. E aí, como andam as novidades? Tem trabalhado muito? Sei que sim, mas pare rapaz. Eu sei que você precisa ganhar o sustento da sua alma, mas acredite: Se seu corpo estiver satisfeito então seu espírito só vai precisar de paz, de nada mais que isso. E a cidade? Já se acostumou ao clima? Disseram-me que você esteve aqui, não acreditei, pois o porteiro não noticiou nenhuma visita sua. Sinto muito ter me afastado tanto. Hoje, mais do que nunca, tenho sentido sua falta.
M., sabe aquele pensamento que você teve quando pegou o envelope da carta e viu o remetente? Acho que você estava certo. Ah! Você sabe bem de mim. Você sabe que quando eu estou vazia, eu escrevo. Mas não sofro de nenhuma doença, quero dizer, eu acho que minha única doença é sentir tanta falta. Estou padecendo em falta. Padecendo, M.! Você acredita? É que depois que você se mudou, demorei um pouco pra me acostumar de novo. E aí, devido à minha antipatia ou algo desse tipo, não fiz nenhum amigo novo. E os velhos, deixaram-se envelhecer: a maioria hoje resmunga pra sobreviver e os outros não escutam mais quando eu falo. Há ainda aqueles da turminha de sexta- feira, mas andamos muito ocupados. Então, desde que você se foi, eu venho guardando as coisas que eu tenho pra falar. Às vezes eu falo pro espelho mas ele não é bom pra conversar. Você é. Ah, sei lá. Os anos passaram né M.? Entenderei se você não me responder. Mas eu quero te falar que eu já perdoei você por não ter vindo falar comigo naquele dia. Não existe mais mágoa entre nós. Só saudade. Sua ausência me deixa ausente de mim mesma.
Mas apesar de tudo, ando bem. Acredita que agora meu prato é repleto de verde? Ou que meu modo de sentar é o mais reto possível? E se eu te disse que enjoei de andar descalça? Ah, M. as novidades são tantas. Já faz tanto tempo. Enfim, era só isso. Responde quando tiver tempo e para de gastar tempo trabalhando homem. Isso pode te matar. Vou pegar uma roupa aquecida por que o Rio de Janeiro tá frio essa noite.
Beijos saudosos.




Renata Macedo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Por acaso, matemática

Se todo meu esforço me valesse a nota, eu com certeza sorriria
Acontece que meu esforço não vale nada.
É por isso que eu choro.

sábado, 6 de novembro de 2010

É por isso

É por amor que matamos as flores.
É por amor que mentimos quando vivemos.
Eu te entrego a sinceridade das minhas mentiras
E um buquê de rosas pra te alegrar.

Você ainda tem 672 horas pra me beijar
E um beijo dura em média 1 minuto
Temos 40320 beijos pra usar na nossa despedida.

Até o herói maltrata as flores
Por que sua grandeza não lhe sacia a sede.
Temos sede de companhia e tememos o futuro só.

Eu sou solitário
E preciso de companhia
Eu preciso de platéia
Eu preciso mentir pra você
Pra eu me sentir saciado.

Eu só te dou minha atenção (e minhas rosas)
Por que eu não quero morrer sozinho
Por que eu sou humano
Eu nasci assim.

Quando o sangue e a dor escorrem
Não nos sentimos culpados,
foi por amor.
Eu só te peço perdão
Por mentir tanto.
A quantidade não se justifica.

Eu te dou minha liberdade
Pra que me tenhas como presa
E assim eu ter-te
Nem que seja só um pouquinho.

Os seres humanos estão sempre se conformando.
Eu não me conformo por ainda não ter-te
Apesar de todas as flores que eu já matei.
Eu achei que quando eu parasse de mentir
Você viesse me abraçar
Pra dizer que a dor passou e o sangue matou-te.

Mas os objetos do amor nunca vêm.
E a gente ama, como amadores que somos
pra aprender que ficar sozinho
é o preço dos que querem companhia.

Seus minutos estão passando.
Mas se por acaso
no fim do dia
você ainda não tiver vindo
a gente pode acrescentar mais uma hora
no que a gente quiser.

A gente pode fazer tudo, menina
por que é tudo por amor. 

Você é tão linda

Você é tão linda
Assim mesmo, envergonhada.
Tudo que eu preciso
pra passar melhor os meus segundos.

Eu não sei explicar
qual é mesmo a sua beleza
mas é maior do que a da flor
e a macieza das pétalas de uma rosa
não tem a macieza da sua beleza.

E que bonito é o que eu sinto
que te molda, que te doa
me deixando mais feliz
e me mostrando quanto bela você é.

E bonita desse jeito

não tem cor, não tem pássaro
não tem céu nem infinito
Não tem nada. Nem macieza.

Por que bonita desse jeito
só você.
E é o que me alegra
e me dá razão pra escrever poema.

Mas eu fico pensando
Será se eu, ser tão pequeno e feio
posso de fato, ganhar-te por mérito?

E cabe em mim
amor tão grande
que ultrapassa a grandeza dos teus traços?
Amor tão belo que ao teu lado
possa sentar sem ser ofuscado?

O bom é que eu não penso muito
quando estamos juntos
e então não importa se eu te tenho amor
o que importa é que eu tenho a ti.

Ao teu lado ate o amor perde a importância.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Uma imagem

foto: Sebastião Salgado





mil palavras

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Não

Não perca o teu tempo,
o teu precioso tempo,
fazendo parecer que tens educação.

Não venhas me abraçar
como se nos conhecêssemos.

Não me ofereça os teus serviços
não tente me ajudar, não te apiedes.

Somos diferentes e não dizemos sim.

Eu esperei o tempo passar
mas perdi o rumo da prosa
perdi o encanto que passou por nós
e agora não mais sorriremos o sorriso dos conhecidos.

Não finjas, não mintas, não fales de mim.
Não choraremos juntos o vale de lágrimas que nos cabe.

Não me seja gentil e não é necessário desperdiçar teu polimento.
Continues a viver no mundo
que se acresce aos bens que só a ti pertecem.

Me deixe fora, com minhas dores e meus prazeres
onde não te cabes,
no meu mundo imundo, sujo com impropérios
e com os prazeres dos que não querem o céu.

Esqueça se o amor se foi
o ódio se mostra melhor ainda.

Com muito esforço,
bebo contigo a taça do veneno que te preparei.
Mas não te direi sim.
Faço-te companhia no banquete de injúrias a que te condeno
mas é só meu não que estará ao teu lado.

E não me beijes a mão ou o rosto
não olhes pra mim, não me dirijas a palavra.
Espere o tempo passar.

Aí morreremos juntas do pecado que é
eu odiar-te sem compreensão
e tu me mentires amor e lavrar- me as piores intenções.

Um dia

Um dia, meu amor, quando o tempo passar
Numa tarde de chuva de um dia qualquer
Um dia, quando você já tiver esquecido
Eu vou te ligar pra contar as minhas novidades.
Eu vou cantarolar a nossa melodia
e vou pedir pra te encontrar
como se nada tivesse acontecido.

Aí eu vou chegar sorrindo e te abraçar bem forte
Eu vou dar risada e te divertir à nossa maneira.
E você vai esquecer todo o outro tempo.

Eu quero te explicar que nada foi em vão
Todo esse tempo que eu passei chorando
que eu passei andando por aí
Todo esse tempo que eu tentei falar a mesma língua
Que eu tentei convencer a mim e aos outros das coisas que eu acreditava
Quase cuspindo e vomitando minhas verdades
só pra mostrar que eu era bom,
evidenciar o que a maioria não conseguia ver
Nesse dia eu vou te falar do tempo que passou
te falar que eu aprendi a ser vencida
que eu aprendi a entregar os pontos.
É que eu vi que não adianta nada
eu tentar provar o que ninguém está interessado em saber.

Eu vi o olhar tirânico dos meus inimigos
se transformar em pena
E aí eu vi que as pessoas que eu mais detestava
Não eram meus inimigos.

Eu quero dizer da dor e do prazer
que eu conheci nesse tempo
Dizer do tanto que eu aprendi com o sofrimento.
Reconhecer que o que foi em vão
foi minha birra, um tanto quanto infantil.
E quando você me perguntar o porquê
de eu ter te ligado depois de tanto esquecimento
eu vou dizer que só sobrevivi todo esse tempo
Por que a vida é complicada pra quem tá sozinho
e não vale nada ficar triste, meu amor
Por que o tempo passa
E ninguém vai perder o presente (tampouco o futuro)
pra ajudar ninguém a ficar feliz.

Um dia, quando você já tiver esquecido tudo
a gente vai sair pra conversar.
E aí, a gente vai voltar a ser o que era
pra contestar a idéia de que tudo passa
ou acaba na morte.