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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Borboleta

Os olhos eram duas bolinhas um tanto coloridas demais. E tinha brilho demais.
E o azul infindavel destes olhos era o motivo do meu sorriso. Era este azul (com este brilho) que me faziam gargalhar submersa em lembranças do agora.
E chiava e sorria, e fazia ambas as coisas. E eu me derretia pra acompanhar o ritmo do brilho, este ia bem mais rápido do que os ruidos emitidos pela boca.Os dedos finos tamborilavam e inquietos chamavam minha atenção. O corpo todo era um movimento fora de ritmo que mais do que informar suas emoções, desvendava-o por inteiro.
Ele era um mistério, tal como um perfume que brota na sala sem ninguém saber de onde vem. E os olhos contrastavam com o cabelo claro que fazia o rosto todo parecer sempre em equilibrio. E na mais plena calma.
Eu, por mais que não soubesse o significado da existência, sentia a minha cada vez mais plena. E completa. Vivia feliz.
Até que uma noite, o tamborilar dos dedos e o arco-iris dos olhos fecharam-se. E o corpo que antes já não sofria a força da gravidade, agora voava. E o movimento desse ser agora subsistia. Era ser não sendo. Eu tentava pegá-lo, agarrá-lo, prendê-lo e ele voava. E meus dias ganharam mais cor, embora não mais alegria. Eu já era feliz antes.

Todo amor que houver nesta vida Cazuza

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a sua fonte escondida
Te alcance em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão, e a tua mente, não...



domingo, 16 de maio de 2010

Dez coisas que demorei anos pra aprender


Algum autor cujo nome não me vem, agora, à cabeça escreveu um dia, um texto muito bonito (e até filosófico, eu diria) chamado “Dez coisas que demorei anos pra aprender”. A leitura de tal texto me deleita a cada vez que repito esse ato (o de ler..) e é baseado nele que hoje decidi fazer a minha lista de dez coisas que demorei anos pra aprender.

1.       Jamais deixe de tentar algo pelo medo desse algo dar errado.
2.       Termine tudo que tiver de ser feito e faça tudo bem feito.
3.       Comece cada dia com um sorriso nos olhos e brilho na boca.
4.       Mesmo o tempo quase não existindo para assuntos que tenham relação a VOCÊ, descanse um pouco. A leitura de um bom livro vai fazer seu tempo ser mais bem aproveitado.
5.       Divida o que puder ser dividido.
6.       Permita-se fazer o que se tem vontade, a maioria das pessoas não ligam pro que você faz e as que ligam vão entender (ou pelo menos aceitar) suas loucuras.
7.       Se você rir das coisas idiotas que você faz, as pessoas não vão te chatear eternamente por essas coisas.
8.       Mantenha a calma.
9.       Relaxe, as coisas que tiverem de acontecer vão acontecer com ou sem sua preocupação.
10.   Faça sua parte.  Esse é o mais importante: quando for posto em prática, todos os escritos acima serão feitos com mais facilidade.

sábado, 15 de maio de 2010

Me bastou

Era uma casa bem pequena e simples e nela havia um jardim também pequeno, mas que continha as mais requintadas riquezas (porque flores também são riquezas). Dentro da casa, pouquíssimos móveis ou paredes, mas muitos sorrisos de diferentes origens.E meu pai, que não tinha nenhuma doença e não tinha morrido, sorria voluptuosamente. Voluptuosamente.
Na rua da casa, todas as noites, vários menininhos vinham sempre jogar futebol. Com seus rostinhos de inocencia ingenua, suas risadas con-ta-gi-an-tes, suas vozes mansas e doces.
Nessa época a casa ainda era engraçada e ninguém me convencia do contrário. O jardim estava sempre cheio de borboletas e as flores exalavam um perfume extasiante.Extasiante.
Na hora do café, a vovó fazia cócegas em nossos pés por debaixo de nossas redes, nos mandando levantar. Pro almoço todos se sentavam à mesa e conversávamos sobre como foi a manhã e, quando o dia enfim se encontrava com o lento e leve piscar do crepúsculo, jantávamos todos juntos comentando os pontos àpices de nossos dias. Era mágico e cada um alí se sentia responsável pela alegria do outro mesmo sabendo que ninguém ali era responsável por nada.Era tudo mágico. Perfeição. Foi nesse tempo, nesse dia, nesse minuto e em exatamente qualquer milésimo de segundo, que acordei. Me bastou.
Um vazio que fica quando alguém parte e deixa uma ferida aberta.
- Dor
- Ausência
- Perda
Um conhecimento que se ganha depois que se perde tudo que tem.
- Preenchimento
- Alegria instantanea
- Brilho
Uma mudança quando menos se espera. Muda a casa, a cor da casa, o cheiro, a rua, a cor da rua, o cheiro da rua. Aqueles menininhos não jogam mais bola aqui. Será que eles também sentem a ausencia do ser que se foi?
Qual o sentido de tudo que existe se tudo só ganha sentido depois que se vai?
- Verdade.
- Sentido.
Há que sempre se perder algo quando se ganha alguma coisa? O que se perde quando se ganha sentido?
Qual o seu sentido?
O tempo passa, não se preocupe.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Seiscentos e secenta e seis Mário Quintana

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,eu nem olhava o relógio.seguia sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas