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sábado, 18 de dezembro de 2010

frases pra pensar o tempo...

Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você está vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra por mais que se perca no caminho- Cazuza


- O Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza; porque a pobreza não agüenta mais ser explorada. (Max Nunes)


Crianças nós somos, a vida toda. O que muda são os preços dos brinquedos. (Autor Anônimo)


- O homem de duas caras geralmente usa a pior. (Stanislaw Ponte Preta - Sérgio Porto)


- A prática leva à perfeição, exceto na roleta russa. (Autor Anônimo)


-Se você tentou falhar e conseguiu, você descobriu o que é paradoxo. (Autor Anônimo)


- Caia a faca no melão ou o melão na faca, o melão sofre... (Provérbio chinês)



- O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica. (Norman Vincent)


- A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento. (Stanislaw Ponte Preta)


- Todo mundo quer salvar o mundo... Mas ninguém quer ajudar a mãe à lavar a louça. (Autor Anônimo)


Ajudar uma única pessoa pode não fazer diferença nenhuma para uma vida, mas, pergunte a essa pessoa se faz difrença na vida dela. (Anderson Roberto de Carvalho)


- Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência. (Arthur Schopenhauer)


- Não fazer barulho, já é fazer muito. (Juvenal de Souza Neto)


- Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não. (José Saramago)


Boas férias e todos os outros cumprimentos de fim de ano!
Abraços

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

sem

Eu não quero ficar, tampouco tenho para onde ir.
Fujo dos monstros que criei mas eles estão cada vez maiores.

domingo, 12 de dezembro de 2010

divagação

Uma vez, quando na idade de seis ou sete anos, não sei ao certo, matei um galo. Foi meu ato mais sem intenção, o que mais me doeu pois só o joguei contra o chão para que se afogasse no lago de raiva que eu criara por que parecia que aquela era a milésima vez que o pedia educadamente que não entrasse dentro de casa, o quintal era seu lugar. Me doeu bastante conhecer a raiva desse modo. Pude sentir naquele momento que havia matado uma parte de mim, visto que tudo é uma coisa só e então o galo sou eu, minha parte que não compreende e que acha que se as pessoas estão na casa a assistir TV, então eu também posso fazê-lo, o que não é uma mentira completa.
Quando vi o galo não mecher-se, estranhei. Primeiro achei que lhe havia quebrado uma alguma parte de seu delicadíssimo corpo, mas depois eu, ser  não de todo indelicado, senti a morte tomando sua alma de galo e levando-o para a evolução. Então sensibilizada pela presença desse ser tão superior e sábio, a morte, meti-me em meu pranto e assim fui avisar minha mãe do ocorrido. Na verdade o pranto estava mais no espírito que na carne, pois por fora eu segurava mais que podia as lágrimas que rolava suaves em minha face.
Minha mãe que, desconfio gosta mais dos animais que dos humanos, olhou-me com desaprovação e com esse olhar me fez entender que já não havia nada a ser feito. Arrependida e sentindo a dor de uma parte minha que se fora, olhei para o objeto de minha tristeza e ali fiquei a observá-lo. Não sei quanto tempo durou o episódio que lhes narro, mas algum tempo depois (talvez segundos ou mesmo horas) uma galinha, razão de eu entender o amor de minha mãe pelos animais, aproximou-se e colocou seu pescoço grande e amoroso sobre o pescoço de meu galo morto. Assim ficaram horas, sei disso por que findou o dia com a escuridão da noite e a galinha só retirou-se dali quando foi dormir em seu ninho. Acho que foi nesse instante que conheci o amor e sua onipresença.
Anos depois, em 2010, quando eu já tinha dezesseis anos e já um pouco de experiência com o amor, vi o corpo de um homem que havia se jogado da escadaria para o trilho do metrô. Se talvez eu tivesse chegado na estação alguns segundos prévios, teria visto o homem, sua tentativa contra a vida, mas por sorte, e é nessas horas que eu acredito que há alguma força maior por trás dos fatos, só o que vi foi a multidão que, esquecendo-se de todos seus afazeres, se amutuava para olhar o homem. Creio que na verdade o que eles queriam não era vê-lo e sim fazer parte daquela história, presenciá-la para que depois pudesse ter alguma história para contar quando no meio de uma conversa com amigos e cerveja o silêncio começasse a incomodar. Eu, menina de interior criada por vó, que embora soubesse que coisas desse tipo acontecem diariamente, que nunca havia presenciado nada que lembrasse o suicidio de um homem por uma razão que não importava a ninguem, fiquei estarrecida. Meu espírito rezava para que o homem tivesse vivido suavemente sua morte, ou para que se sobrevivesse, o que de fato aconteceu, ganhasse alguns motivos para acreditar na vida tanto quanto eu o fazia e também para que ele sentisse que não estava (e não está) sozinho nessa existência. Enquanto isso, meu corpo erra empurrado pela multidão que, se houvesse oportunidade, não pensaria duas vezes em cobrar ingresso para os que quisessem assistir ao show rotineiro do resultado da falta de amor, quero dizer, da falta de VER  o amor, visto que Ele está em todos os lugares. Alguns riam do ocorrido, um homem tentou flertar comigo, crianças corriam a procura de ver se restava um lugar para que pudessem ver o resto da vida privada de um homem transformar-se em dominio público. Havia quem tirasse fotos, pra quê meu deus, pra quê???, outros aproveitavam a aglomeração para vender seus produtos e garantir seu sustento e ninguém pra se perguntar profundamente o por que de um homem sacrificar a si próprio em troca de, talvez, nada. Não havia um que se importasse com a alma do outro, que se disponibilizasse a amá-lo.
Compreendi nesse momento que quando minha avó dizia que eu, menina que nunca foi capaz de demonstrar sentimentos, parecia um bicho, embora sua intenção não fosse elogiar-me, eu deveria sentir como se fosse. Pois que a galinha amou seu semelhante até o fim e eu me escondia atrás das palavras com vergonha da minha tão mesquinha espécie que era quase incapaz de amar, tampouco de fazê-lo até o fim. Senti muito, ainda o faço.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Eles acharam que se torturassem uma borboleta ela perderia sua poesia.
Mal sabiam que a poesia das coisas está na essência, não nas cores.

domingo, 21 de novembro de 2010

dúvida

De onde vem esses pensamentos tão pessimistas?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Carta à M.

Oi M., hoje eu resolvi te escrever depois de tanto tempo, tanta saudade. Eu sei que você vai pegar o envelope e pensar que alguma coisa aconteceu comigo, mas na verdade eu só estou te escrevendo por que adiar o prazer de me comunicar contigo é autoflagelação, e você sabe que eu jamais me faria sofrer tanto, apesar de tudo. Morro de saudade das nossas conversas, você tinha o timbre de voz mais doce que eu já ouvi na minha vida inteira. E aí, como andam as novidades? Tem trabalhado muito? Sei que sim, mas pare rapaz. Eu sei que você precisa ganhar o sustento da sua alma, mas acredite: Se seu corpo estiver satisfeito então seu espírito só vai precisar de paz, de nada mais que isso. E a cidade? Já se acostumou ao clima? Disseram-me que você esteve aqui, não acreditei, pois o porteiro não noticiou nenhuma visita sua. Sinto muito ter me afastado tanto. Hoje, mais do que nunca, tenho sentido sua falta.
M., sabe aquele pensamento que você teve quando pegou o envelope da carta e viu o remetente? Acho que você estava certo. Ah! Você sabe bem de mim. Você sabe que quando eu estou vazia, eu escrevo. Mas não sofro de nenhuma doença, quero dizer, eu acho que minha única doença é sentir tanta falta. Estou padecendo em falta. Padecendo, M.! Você acredita? É que depois que você se mudou, demorei um pouco pra me acostumar de novo. E aí, devido à minha antipatia ou algo desse tipo, não fiz nenhum amigo novo. E os velhos, deixaram-se envelhecer: a maioria hoje resmunga pra sobreviver e os outros não escutam mais quando eu falo. Há ainda aqueles da turminha de sexta- feira, mas andamos muito ocupados. Então, desde que você se foi, eu venho guardando as coisas que eu tenho pra falar. Às vezes eu falo pro espelho mas ele não é bom pra conversar. Você é. Ah, sei lá. Os anos passaram né M.? Entenderei se você não me responder. Mas eu quero te falar que eu já perdoei você por não ter vindo falar comigo naquele dia. Não existe mais mágoa entre nós. Só saudade. Sua ausência me deixa ausente de mim mesma.
Mas apesar de tudo, ando bem. Acredita que agora meu prato é repleto de verde? Ou que meu modo de sentar é o mais reto possível? E se eu te disse que enjoei de andar descalça? Ah, M. as novidades são tantas. Já faz tanto tempo. Enfim, era só isso. Responde quando tiver tempo e para de gastar tempo trabalhando homem. Isso pode te matar. Vou pegar uma roupa aquecida por que o Rio de Janeiro tá frio essa noite.
Beijos saudosos.




Renata Macedo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Por acaso, matemática

Se todo meu esforço me valesse a nota, eu com certeza sorriria
Acontece que meu esforço não vale nada.
É por isso que eu choro.

sábado, 6 de novembro de 2010

É por isso

É por amor que matamos as flores.
É por amor que mentimos quando vivemos.
Eu te entrego a sinceridade das minhas mentiras
E um buquê de rosas pra te alegrar.

Você ainda tem 672 horas pra me beijar
E um beijo dura em média 1 minuto
Temos 40320 beijos pra usar na nossa despedida.

Até o herói maltrata as flores
Por que sua grandeza não lhe sacia a sede.
Temos sede de companhia e tememos o futuro só.

Eu sou solitário
E preciso de companhia
Eu preciso de platéia
Eu preciso mentir pra você
Pra eu me sentir saciado.

Eu só te dou minha atenção (e minhas rosas)
Por que eu não quero morrer sozinho
Por que eu sou humano
Eu nasci assim.

Quando o sangue e a dor escorrem
Não nos sentimos culpados,
foi por amor.
Eu só te peço perdão
Por mentir tanto.
A quantidade não se justifica.

Eu te dou minha liberdade
Pra que me tenhas como presa
E assim eu ter-te
Nem que seja só um pouquinho.

Os seres humanos estão sempre se conformando.
Eu não me conformo por ainda não ter-te
Apesar de todas as flores que eu já matei.
Eu achei que quando eu parasse de mentir
Você viesse me abraçar
Pra dizer que a dor passou e o sangue matou-te.

Mas os objetos do amor nunca vêm.
E a gente ama, como amadores que somos
pra aprender que ficar sozinho
é o preço dos que querem companhia.

Seus minutos estão passando.
Mas se por acaso
no fim do dia
você ainda não tiver vindo
a gente pode acrescentar mais uma hora
no que a gente quiser.

A gente pode fazer tudo, menina
por que é tudo por amor. 

Você é tão linda

Você é tão linda
Assim mesmo, envergonhada.
Tudo que eu preciso
pra passar melhor os meus segundos.

Eu não sei explicar
qual é mesmo a sua beleza
mas é maior do que a da flor
e a macieza das pétalas de uma rosa
não tem a macieza da sua beleza.

E que bonito é o que eu sinto
que te molda, que te doa
me deixando mais feliz
e me mostrando quanto bela você é.

E bonita desse jeito

não tem cor, não tem pássaro
não tem céu nem infinito
Não tem nada. Nem macieza.

Por que bonita desse jeito
só você.
E é o que me alegra
e me dá razão pra escrever poema.

Mas eu fico pensando
Será se eu, ser tão pequeno e feio
posso de fato, ganhar-te por mérito?

E cabe em mim
amor tão grande
que ultrapassa a grandeza dos teus traços?
Amor tão belo que ao teu lado
possa sentar sem ser ofuscado?

O bom é que eu não penso muito
quando estamos juntos
e então não importa se eu te tenho amor
o que importa é que eu tenho a ti.

Ao teu lado ate o amor perde a importância.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Uma imagem

foto: Sebastião Salgado





mil palavras

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Não

Não perca o teu tempo,
o teu precioso tempo,
fazendo parecer que tens educação.

Não venhas me abraçar
como se nos conhecêssemos.

Não me ofereça os teus serviços
não tente me ajudar, não te apiedes.

Somos diferentes e não dizemos sim.

Eu esperei o tempo passar
mas perdi o rumo da prosa
perdi o encanto que passou por nós
e agora não mais sorriremos o sorriso dos conhecidos.

Não finjas, não mintas, não fales de mim.
Não choraremos juntos o vale de lágrimas que nos cabe.

Não me seja gentil e não é necessário desperdiçar teu polimento.
Continues a viver no mundo
que se acresce aos bens que só a ti pertecem.

Me deixe fora, com minhas dores e meus prazeres
onde não te cabes,
no meu mundo imundo, sujo com impropérios
e com os prazeres dos que não querem o céu.

Esqueça se o amor se foi
o ódio se mostra melhor ainda.

Com muito esforço,
bebo contigo a taça do veneno que te preparei.
Mas não te direi sim.
Faço-te companhia no banquete de injúrias a que te condeno
mas é só meu não que estará ao teu lado.

E não me beijes a mão ou o rosto
não olhes pra mim, não me dirijas a palavra.
Espere o tempo passar.

Aí morreremos juntas do pecado que é
eu odiar-te sem compreensão
e tu me mentires amor e lavrar- me as piores intenções.

Um dia

Um dia, meu amor, quando o tempo passar
Numa tarde de chuva de um dia qualquer
Um dia, quando você já tiver esquecido
Eu vou te ligar pra contar as minhas novidades.
Eu vou cantarolar a nossa melodia
e vou pedir pra te encontrar
como se nada tivesse acontecido.

Aí eu vou chegar sorrindo e te abraçar bem forte
Eu vou dar risada e te divertir à nossa maneira.
E você vai esquecer todo o outro tempo.

Eu quero te explicar que nada foi em vão
Todo esse tempo que eu passei chorando
que eu passei andando por aí
Todo esse tempo que eu tentei falar a mesma língua
Que eu tentei convencer a mim e aos outros das coisas que eu acreditava
Quase cuspindo e vomitando minhas verdades
só pra mostrar que eu era bom,
evidenciar o que a maioria não conseguia ver
Nesse dia eu vou te falar do tempo que passou
te falar que eu aprendi a ser vencida
que eu aprendi a entregar os pontos.
É que eu vi que não adianta nada
eu tentar provar o que ninguém está interessado em saber.

Eu vi o olhar tirânico dos meus inimigos
se transformar em pena
E aí eu vi que as pessoas que eu mais detestava
Não eram meus inimigos.

Eu quero dizer da dor e do prazer
que eu conheci nesse tempo
Dizer do tanto que eu aprendi com o sofrimento.
Reconhecer que o que foi em vão
foi minha birra, um tanto quanto infantil.
E quando você me perguntar o porquê
de eu ter te ligado depois de tanto esquecimento
eu vou dizer que só sobrevivi todo esse tempo
Por que a vida é complicada pra quem tá sozinho
e não vale nada ficar triste, meu amor
Por que o tempo passa
E ninguém vai perder o presente (tampouco o futuro)
pra ajudar ninguém a ficar feliz.

Um dia, quando você já tiver esquecido tudo
a gente vai sair pra conversar.
E aí, a gente vai voltar a ser o que era
pra contestar a idéia de que tudo passa
ou acaba na morte.

domingo, 31 de outubro de 2010

Encontro

Algumas almas se atraem até se encontrarem. São luzes, quase sons, sem toque. Encontram-se no olhar e não mais se perdem. Permanecem. Continuam no encontro, na presença, na outra. Não há palavras, é só luz. Não há dor que dure no encontro de tais almas. Pode haver choro, riso, grito, mas é um quase amor, um pertencimento, uma saciedade que persiste em cada encontro. É um sem quase, é amor.
É o que me ajuda sem dizer uma palavra, cujo abraço faz o resto do mundo sumir e faz com que meu espírito esteja em paz com o meu corpo. É o que sabe as palavras certas pra dizer e sabe fazer o silencio ser valioso e cheio de sabedoria.
O encontro marca completude. Há enfim serenidade, mesmo em meio da crise. É quando mesmo sem conhecimento algum, surge o amor. Sente-se a perfeição, a leveza, a crença de que se ainda há algum problema a ser resolvido, ele se resolverá.
É nessa hora que eu acredito em destino. Por que não haveria a possibilidade de ser tudo isso por acaso. Sem falar dos sinais que aparecem previamente e quando vistos do futuro parecem apontar certinho pra onde a outra alma está. E é tão bom que ainda existam anjos. E tão melhor poder enxergá-los e tê-los presentes. A sensação me deixa tão leve. Me sinto tão grata. E me parece tão certo que o reencontro se dará.
E ainda assim, depois de tanto, creio que é impossível retratar o que se passa nessa confluência. É necessário que se saia do corpo e deixe a alma falar. E o que pode ser dito, já foi.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Deus

Estou procurando um pouco de sinceridade para que eu possa então fazer minha oração.
Estou vendo até onde vai minha hipocrisia pra que eu possa conseguir o que eu quero.
E aí, quando só sobrar o eu sem molduras, o eu feio, o eu puro, eu pretendo agradecer.
Eu agradeço por tudo que já se sabe, pelo blá blá blá do pão diário e etc., mas minha real intenção, perdoe-me, é pedir.
Peço que não me deixe enlouquecer sozinha, que eu não seja ridícula a ponto de achar que se eu esquecer eu vou poder continuar. Peço que eu não seja tola. Eu peço alguém pra me fazer companhia nos meus banhos de chuva, nas minhas madrugadas vivas, na minha praia noturna, no meu prazer sem pretensão. Eu peço uma fé inabalável, um amor com sinceridade, uma calmaria, uma risada boa.
Eu sei que o Senhor não esquece ninguem. Eu sei que se o caso é de amor então a prece é ao menos escutada. Eu sei que não há em mim uma peculiaridade, mas eu quero te falar diretamente e há de ser por meio de oração. Eu que nunca falo de mim, que nunca peço ou imploro, que nunca choro. Eu, com meus defeitos e qualidades, com minhas virtudes e tudo que eu consegui, com minha história, com minhas paixões, fraquezas, com minha indignação, com minha alma, estou tentando atingir meu êxtase de comunhão convosco. Eu só quero que o Senhor não me deixe.
Não me deixe só , Senhor.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

etc

Eu preciso aprender a separar o meu amor do meu egoísmo, pois é difícil amar quando a sede que se sente é a de posse.
Se você quer saber como perder o que tem, é só dar-lhe importancia e cada vez mais, a ponto de ele se afogar em tanto amor.
Também não há que se forçar, amor é simples, natural, mas não dura pra sempre. Não tem que durar.
Ame um de cada vez mas não deixe de amar o anterior, assim cada emoção se torna nova mesmo quando vem de amor antigo. E fique. Fique mesmo quando a solidão estiver quase te tocando. Nessa hora sinta como em cada coração que tu mudaste, ainda há um pouco de ti que permanece.
Eu preciso aprender a seguir meus próprios conselhos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desejo


Um amor correspondido, que faça o tempo passar sem que se perceba. 
Que te dê carinho, que te faça plena.
Que seja fogo e terra, que te sacie em todos os âmbitos.
Que faça o frio passar e o calor ser prazeroso.
Que te beije da melhor forma, que te abrace do jeito mais terno.
Que seja pra ti o que eu já cheguei a ser.
 Que não tenha pressa.
Que te morda a orelha, que acerte os teus pontos.
Que te faça feliz mesmo quando é impossivel fazê-lo. Que faça possivel o que não o é.
Que traduza isso no breve e duradouro instante de um beijo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sei lá, porra

Para se olhar o mundo com olhos de essência é preciso conhecer a parte frágil de tudo.
É preciso saber que nenhuma hostilidade revela de maneira correta a fragilidade dos seres.
É preciso ver que efemeridade nada tem a ver com profundeza.
 Contudo, rapidez às vezes é arma contra si mesmo.
Também é preciso saber que as coisas transmitem ternura e que pessoas também são capazes de fazê-lo.
É preciso ver que os sentidos são conjugados, estando o centro de tudo na alma das coisas (ou das pessoas).

Para ser grande, é importante que se ouça flores, que se veja melodias, que se sinta o aroma das palavras doces e que se coma a poesia contida nos seres.
Além disso, é importante que olhe com profundidade, pois ser grande é ter olhos de essência e jamais alguém sem tais olhos conhecerá a grandeza das coisas.

Quase antônimo de ser grande é ser adulto.

As crianças têm mais facilidade em descobrir fraquezas. Elas conhecem o segredo da alma mas são boas em esconder.

A razoabilidade está conjugada com o medíocre. Para se atingir a excelência é preciso pôr nos atos, graus de colorido que atinjam o objetivo por inteiro: a parte grande e a outra.

Permita-se ser sem ser classificado. As coisas não precisam de teoria, menos ainda de nome. Geralmente quando nomeamos algo, subtraímos dele alguma beleza. As borboletas e os pássaros bem o sabem, mas não se deixam subtrair.

Uma vez me disseram que era errado dizer que não existe certo e errado. Já me disseram também que é errado dizer isso. Acho que é por isso que eu sou tão confusa.

As coisas estão pras pessoas na mesma proporção j

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Começo e meio

É tudo por eu não terminar.
A vida não é contínua pra mim.
Ela para na vírgula,

domingo, 3 de outubro de 2010

Senhor

Eu Te agradeço por cuspir no Teu altar
Por  andar na contramão
Por enxergar a beleza do Homem
Por sentir essa beleza, a volúpia.

Eu vou seguir menina,
e te agradeço por me deixar ser grande
e cheirar o ar, feito um viciado
e deitar de madrugada achando que é de noite.

Obrigada pela madrugada.

Eu te agradeço por esperar,
pela paciencia de aceitar minha descrença
Pelos meus amigos, com quem eu rio do teu livro.

Agradeço por eu acreditar em amor
 e em verdade.
Eu te agradeço por eu cantar, 
e pelo encanto que são os passarinhos.

Eu te agradeço pela Bossa Nova
E por eu poder brincar eternamente.

Eu te agradeço pelo pecado.

Pela minha malcriação
Pelo prazer que o pecado dá.
Por todo menino bonito.
E pelos inteligentes e gentis.

Eu agradeço por mim, 
e pelos meus amigos.
eu agradeço pelo chocolate
e mais, muito mais
eu agradeço pela evolução.

Grata, Renata .



sábado, 2 de outubro de 2010

"Pensamentos precisam ser libertados pra que possam libertar."

Saudade

Saudade é dor no peito. Aperto. Solidão.
Saudade do cachorro que eu tinha quando eu era criança.
Saudade do que não vem mais
e do que já passou.

Eu estou com saudade do pão de queijo de minas.
Do vinagrete do Ceará.
Saudade da Heloisa que eu não eu vi crescer.
Saudade é como um grito abafado que eu não posso dar.
Saudade da pracinha.
Do meu primeiro beijo.
Da inocencia que eu tinha sem saber.

Hoje eu acordei com essa dor.
Deve ser o tempo.

Hoje eu não pude gritar.
(já faz um tempo que eu não posso)

A culpa deve ser do tempo.

DAR NÃO É FAZER AMOR

Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado...
Luís Fernando Veríssimo

Uma carta

É que quando é de verdade, não passa assim tão rápido. Geralmente permanece mais tempo do que a gente. É por isso que eu aposto que ainda existe. Foi só por isso que eu te escrevi.
P.S.: Eu sinto saudade. 

domingo, 26 de setembro de 2010

É claro que a vida é boa 
E a alegria, a única indizível emoção 
É claro que te acho linda 
Em ti bendigo o amor das coisas simples 
É claro que te amo 
E tenho tudo para ser feliz 
Mas acontece que eu sou triste...

Vinicius de Moraes

Tudo por que era sexta- feira

Era uma sexta- feira de nuvens e o dia parecia cinza. Acordei com a sensação de que nada iria acontecer. Levantei da cama, tomei meu banho rotineiro e desci pra descobrir se o mundo de fato havia parado. Descobri um bilhete encima da estante. Hesitei antes de abrir. No bilhete estava sua caligrafia e uma já esquecida frase de Quintana. Sorri. De repente o sol se abriu e já não era importante descobrir o mundo. Voltei pra cama e fiquei esperando que você voltasse e me desse uma bronca por eu ainda estar deitada. Imaginei o seu tom de voz argumentando e o seu olhar que não consegue acompanhar a rusticidade das suas palavras. Esperei até lembrar que sexta-feira era feriado e então você não estaria em casa. Foi aí que eu percebi que você nunca mais estaria em casa. Você tinha ido embora e ainda fez questão de deixar um bilhete. E ainda deixou as roupas no armário, os cd's do lado do som e a presença pela casa. Aí bateu a saudade e eu precisava falar contigo. E você nem celular tinha. Tentei estancar a fonte nos meus olhos, com o travesseiro. Tentei cantar uma música pra parar de pensar, ou recitar um poema.Fechei os olhos e respirei até que minha natureza se acalmasse. E só então eu consegui falar contigo. Eu te dei uma bronca por teres ido sem se despedir de mim, sem me acordar, sem que a gente pudesse terminar aquela conversa séria, por fazer tanta falta, por eu não saber como lidar com isso, por eu me sentir mais fraca agora, mas tu veio com tua leveza e me falou que não foi por mal, tu simplesmente achaste que seria melhor assim. Eu te perdoei. O meio do dia chegou, levantei novamente e saí de casa. Saí e fui ver se meu futuro não seria mais tranquilo. Saí principalmente por que tua presença tava inundando minha casa, e a casa nem era minha. Na verdade, saí mais por que o que estava incomodando não era sua presença, era sua ausencia não justificada, era um pouco dos dois. Almocei fora e, ao contrário de você, fui me despedir dos amigos. Deixei a casa pros fantasmas cuidarem e tratei de me virar com outras companhias.
Aí a sexta- feira passou e vieram outros dias da semana. Falta você pra que sábado seja alegre e a gente possa se reunir na beira do açoude, pra que domingo seja de forró e tenha frango assado pra gente comer, pra que segunda não seja tão cansativa e chata, pra que terça eu já tenha feito os exercicios da escola, pra que quarta eu possa faltar o curso que eu decidi fazer e depois ouvir você dizer que eu nunca termino as coisas que começo, pra que quinta a gente possa assistir teu programa favorito e principalmente, pra que sexta- feira não seja de nuvens e que a gente possa pintá- la com as cores que a gente quizer.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Para virar passarinho

Para virar passarinho é preciso leveza.
Não leveza de massa, leveza de alma.

Além disso, é preciso que se olhe tal como um passarinho.
É preciso que se olhe profundamente
como se quizesse descobrir a alma do que se está vendo.
Depois, quando já se é quase um passarinho
vai-se querer ver a alma do que se está vendo.
Pois para ser um passarinho
é preciso que se acredite que tudo tem alma.

Alçar voo tem mais a ver com as cores
do quê com a asa em si
portanto é preciso que se cuide da essência
pois é esta a responsável pelo colorido do voo.

Então pra cantar
necessita-se uma sutileza na visão.
Pra que o canto saia mais bonito
é preciso que os olhos sejam justos( tal qual o coração).

E pouco a pouco transformando,
um pouco aqui e um outro ali,
quando não se percebe se é um passarinho.
É que o passarinho não se percebe mesmo,
ele anda distraído: seu mundo é o ar.

E é aereamente que ele encanta quem o olha.
É que pra se observar passarinhos (sem malicia ou intenções)
é preciso já ser (ao menos em parte) passarinho
na terra ou nas nuvens (que é onde os homens pássaros costumam viver).

sábado, 14 de agosto de 2010

Primeira vez

Pulsares que nem sequer sonham existir. Sentes a brisa mas nem desconfias que há neurônios sendo disparados em teu corpo.
Tu te dominas e és dominado. Um macho dominado. O sangue das tuas veias corre freneticamente num compasso completamente desritmado e tu  nem sequer desconfias dos neurônios enquanto a doce brisa espanca   teu rosto, que existe desde antes que tu pudesses ter consciência de que és.
E o suor que pinga, esse líquido que é só mais um no teu corpo composto de líquidos. Esse suor que agora indica que há pouquíssimo tempo todos os teus músculos estiveram rígidos a conhecer outro corpo.
Tu estás sentado, sozinho, a olhar as pessoas que pateticamente passam, exibindo seu existir. Tuas pupilas estão dilatadas e teus nervos, que não te dizem nada, estão prestes a explodir. Tu és um homem, todos os teus órgãos funcionam perfeitamente e tu sentiste isso há alguns minutos.
Tu sentistes a vida e te extpostes a ela da mesma forma como agora tu te expões a essas patéticas pessoas que não param de passar.
Agora o que tu sentes é o tic tac do relógio que limita o teu estar nesse espaço. Teu cérebro está captando de novo as imagens de quando o milagre aconteceu, tu estás completamente paralisado, a olhar para dentro com os olhos na tampa da garrafa que o acaso guardou para que tu pudesses olhar no futuro, que é agora, enquanto te preenches de agonia e levanta-te de súbito.
E então de súbito, percebes o mundo, sentes os neurônios e te reapaixonas. E o dia acaba puxando a madrugada que será elo entre dois encantos, e tu percebes também que sobreviveste.

Uma didática da invenção

1.                                                                                                                                                             Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:

a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

2.
Desinventar objetos. O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear. Até que
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou
uma gravanha.

Usar algumas palavras que ainda não tenham
idioma.

3.
Repetir repetir – até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo.

4.
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa.
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras.

5.
Formigas carregadeiras entram em casa de bunda.

6.
As coisas que não têm nome são mais pronunciadas
por crianças.

7.
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.

8.
Um girassol se apropriou de Deus: foi em
Van Gogh.

9.
Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz .

Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

10.
Não tem altura o silêncio das pedras.

11.
Adoecer de nós a Natureza:
– Botar aflição nas pedras
(Como fez Rodin).

12.
Pegar no espaço contigüidades verbais é o
mesmo que pegar mosca no hospício para dar
banho nelas.
Essa é uma prática sem dor.
É como estar amanhecido a pássaros.

Qualquer defeito vegetal de um pássaro pode
modificar os seus gorjeios.

13.
As coisas não querem mais ser vistas por
pessoas razoáveis:
Elas desejam ser olhadas de azul –
Que nem uma criança que você olha de ave.

14.
Poesia é voar fora da asa.

15.
Aos blocos semânticos dar equilíbrio. Onde o
abstrato entre, amarre com arame. Ao lado de
um primal deixe um termo erudito. Aplique na
aridez intumescências. Encoste um cago ao
sublime. E no solene um pênis sujo.

16.
Entra um chamejamento de luxúria em mim:
Ela há de se deitar sobre meu corpo em toda
a espessura de sua boca!
Agora estou varado de entremências.
(Sou pervertido pelas castidades? Santificado
pelas imundícias?)

Há certas frases que se iluminam pelo opaco.

17.
Em casa de caramujo até o sol encarde.

18.
As coisas da terra lhe davam gala.
Se batesse um azul no horizonte seu olho
entoasse.
Todos lhe ensinavam para inútil
Aves faziam bosta nos seus cabelos.

19.
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

20.
Lembro um menino repetindo as tardes naquele
quintal.

21.
Ocupo muito de mim com o meu desconhecer.
Sou um sujeito letrado em dicionários.
Não tenho que 100 palavras.
Pelo menos uma vez por dia me vou no Morais
ou no Viterbo –
A fim de consertar a minha ignorãça,
mas só acrescenta.
Despesas para minha erudição tiro nos almanaques:
– Ser ou não ser, eis a questão.
Ou na porta dos cemitérios:
– Lembra que és pó e que ao pó tu voltarás.
Ou no verso das folhinhas:
– Conhece-te a ti mesmo.
Ou na boca do povinho:

– 
Coisa que não acaba no mundo é gente besta
e pau seco.
Etc.
Etc.
Etc.

Maior que o infinito é a encomenda.                       
Manoel de Barros

O morto e o vivo

Inútil pedir perdão
Dizer que o traz no no coração.
O morto não ouve.


Ferreira Gullar

Querido diário (Tópicos para uma semana utópica) Cazuza

Segunda- feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo

Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro

Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo

Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos

Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)

Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres

Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe por favor
Chore sem fazer barulho

Procurei em todos os lugares por onde andei um alguém que me entendesse e também á si mesmo. Não encontrei, talvez por que não procurei como deveria ou talvez por que essa pessoa estava ocupada demais procurando os defeitos alheios. Já sofri bastante com a idéia de nunca encontrar alguém perfeito e sofrer mais quando me decepcionasse por isso, aprendi a não sofrer mais, não por que essa idéia não existe, pois existe e está ardentemente me machucando com freqüência, mas aprendi a conviver bem com esse fato, afinal eu sou uma pessoa imperfeita que também decepciona.
Fico pasma com a capacidade de certos seres humanos de serem hipócritas. Não a hipocrisia que se faz necessária à vida em sociedade e sim uma exagerada, que maltrata e me dá nojo. Pobres seres humanos, eu, você... Idiotas, imbecilizados pela própria ignorância de não transformar conhecimento em sabedoria e passar a vida tentando conhecer e ter o tão almejado saber.
Machuquei meus joelhos enquanto rezava e enquanto rezava conheci meus próprios demônios. Não sofro mais com a perda, nem com a hipocrisia que certas pessoas têm em demasia, não me importo mais com os sonhos que talvez não passem disso. A vida é linda e merece ser curtida, afinal quem saberá quando será tarde demais?
Às vezes deixar fluir é o remédio mais santo para evitar aflições posteriores e sofrimento descomedido, e nem sempre aula teórica é melhor, pois a prática é mil vezes diferente.
É por isso que parei de esperar, gosto do que vem como inusitado. Viver agora é como nadar num rio e as coisas acontecem de forma natural. Eu agora sou natural: vivo, sou e de fato estou no lugar onde me encontro. Poucos o fazem.
Sou grata por conhecer os que conheci. Ainda acredito na essência das pessoas. Me sinto mais leve. Flutuar se faz possível.
A gratidão é um dos melhores sentimentos que há. E é só.