RSS

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A hora da decisão

Ela olhou em volta e percebeu que naquele último momento, estava só.
De novo. Aquele homem alto, forte que alguma vez julgara ser o amante, agora estava longe. Ele decidido estava pelo andar dos acontecimentos, iria embora.
De longe se percebia uma lágrima que dimanava pela face daquela. A única mulher que o amara sem julgamentos ou medos. E ela, sentando- se no banco mais próximo chorou o amor que fora perdido, o mais intenso, o pelo qual valeria à pena...
Aquele amor abrasava seu peito e a sufocava, despiu- se rente ao espelho e tentou em vão trazer ao presente aquele passado tão sereno e veemente, tocou- se no rosto tentando senti-lo.
No caminho para casa ele parou de frente ao relógio de uma igrejinha sem graça e observou com -pode- se dizer rancor- remorso, algo que o incomodava e o fazia arrepiar até as veias: o tempo, inimigo mor dos amantes, não parava sequer um milésimo de segundo pra que ele pudesse discorrer e voltar pedindo o colo daquela mulher tão intensa e esta abraça- lo fervorosamente como se não tivesse havido nada, e só então o tempo voltaria ao seu normal e tudo estaria perfeitamente de volta aos eixos.
Já era tarde e uma chuva fininha caia sobre seu colo, enquanto ele, sentado observava o andar dos ponteiros. Os pingos da chuva se misturavam ás lágrimas ralas que caiam, molhando mais ainda sua roupa e fazendo- o criar coragem para seguir a vida.
Ela, escondendo o pranto como se estivesse a atuar, enxugou o rosto com as mãos num gesto meio rude e voltou- se para a porta, deixou- se voar para aquele momento, como um pássaro com brandura se deixa levar até o predador. Esqueceram por um momento o que se passou e levianamente se deixaram levar pela brisa que batia em seus rostos. Assim se deram conta que deram tudo que tinham, amaram- se da forma mais pura e mesmo assim o tempo e a insegurança os separaram e os levaram a caminhos totalmente dispersos. Sentiam muito, mas já não era bastante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário