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sábado, 12 de dezembro de 2009

Para o menino

És um pássaro e necessitas voar. Nem sei como vieste parar nesse jardim. Talvez embriagado pelo perfume das rosas, talvez precisasse mesmo de um tempo longe do passaredo, a verdade é que um pássaro sozinho não faz verão e, portanto, precisas voltar.


Precisas voltar por que por mais que queiras ter a auto-suficiência dos pássaros de grande porte, por mais que hoje já não sejas mais um filhotinho e tenha crescido suficiente para seduzir qualquer olhar, seja esse de qualquer espécie, com suas cores, tu ainda és jovem pássaro, e precisas ainda do calor das asas dos teus pais.

Quanto às flores que neste jardim ficam, elas esperarão por ti mesmo com a incerteza de que tu voltes e quando, enfim de volta estiveres, elas finalmente poderão exalar seu mais precioso perfume como se dissessem que enfim sentiram a alegria esperada por tanto tempo, e haverá, de novo, a unção das tuas cores embriagadoras com o perfume exalado pelas flores que te esperarão e enfim poderão dizer que mesmo sem se tocar, um completou o outro, pois as flores não existem sem o pássaro, e a vida do pássaro não é tão cheia de vida, sem as flores.

Vá pássaro, espero que te divirtas cantando e voejando pelas montanhas de tua terra (ou céu, devo dizer) e na volta, traga pras flores a alegria que teu canto suave e inebriante é capaz de proporcionar, que elas te guardarão seu melhor aroma para dar-te na chegada.

E verás: mesmo te amando as flores te deixarão ir, pois precisas voar, e o amor habitado por elas as faz entender que, quando se ama deixa-se livre voejar para outros ares, pois toda volta é um novo começo e todo começo traz consigo o sabor de expectativa que alegra os amantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

ve me entende tão bem...

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