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sábado, 14 de agosto de 2010

Primeira vez

Pulsares que nem sequer sonham existir. Sentes a brisa mas nem desconfias que há neurônios sendo disparados em teu corpo.
Tu te dominas e és dominado. Um macho dominado. O sangue das tuas veias corre freneticamente num compasso completamente desritmado e tu  nem sequer desconfias dos neurônios enquanto a doce brisa espanca   teu rosto, que existe desde antes que tu pudesses ter consciência de que és.
E o suor que pinga, esse líquido que é só mais um no teu corpo composto de líquidos. Esse suor que agora indica que há pouquíssimo tempo todos os teus músculos estiveram rígidos a conhecer outro corpo.
Tu estás sentado, sozinho, a olhar as pessoas que pateticamente passam, exibindo seu existir. Tuas pupilas estão dilatadas e teus nervos, que não te dizem nada, estão prestes a explodir. Tu és um homem, todos os teus órgãos funcionam perfeitamente e tu sentiste isso há alguns minutos.
Tu sentistes a vida e te extpostes a ela da mesma forma como agora tu te expões a essas patéticas pessoas que não param de passar.
Agora o que tu sentes é o tic tac do relógio que limita o teu estar nesse espaço. Teu cérebro está captando de novo as imagens de quando o milagre aconteceu, tu estás completamente paralisado, a olhar para dentro com os olhos na tampa da garrafa que o acaso guardou para que tu pudesses olhar no futuro, que é agora, enquanto te preenches de agonia e levanta-te de súbito.
E então de súbito, percebes o mundo, sentes os neurônios e te reapaixonas. E o dia acaba puxando a madrugada que será elo entre dois encantos, e tu percebes também que sobreviveste.

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